domingo, 23 de maio de 2010

Eu confesso...

Eu sou daquelas pessoas que morre de vergonha de transparecer que vive dois mundos paralelos: o da realidade fática e prática , aquele que impõe a rotina da racionalidade, da atitude e responsabilidade e o da fabulosa imaginação, aquele cujo botão vermelho desliga todo o mundano e enfadonho episódio corriqueiro e clica na fantasia. Em segundos eu estou lá no pódio recebendo a medalha de ouro. Posso estar também entre os aplausos da platéia por minha representação esplendorosa ou ainda, cantando uma canção( esta é a parte que mais gosto) definitiva e impactando os mortais com meu brilho e talento acima da linha do comum. Enfim, neste mundo a passarela, o pódio ou o patíbulo são meu cenário predileto . Eu sou a razão de todas as coisas e o mundo só existe para justificar minha existência.
Este episódio corresponde aquele em que admito que meu ego é o dono e senhor do mundo e ultimamente, tenho dedicado 81,4 % do meu tempo tentando aniquiliá-lo, mas ele é muito poderoso, precisa de muita comida(como Garfield) e , infelizmente , é alimentado com suplementos potencialmente nutritivos que estão a disposição nos mais distantes rincões da urbanidade. Uau.
Toda esta forma hiperbólica de falar não é um exagero.
Eu confesso!
beijo
O'mahley

domingo, 9 de maio de 2010

Resquícios de um dia qualquer..

Exatamente hoje eu estava assistindo a um desses filmes franceses densos, onde os silêncios revelam muito mais do que as palavras dos personagens. Sempre acreditei nas entrelinhas. Aliás vivo procurando entrelinhas nas sequências . Senti um imensa vontade de passar café e aspirei um cheiro confortável de casa, reduto e aconchego. Como aquele casaco surrado que adoramos vestir ou aquela meia gostosa que não combina com nada. Às vezes eu me sinto assim. São coisas muito simples que se revelam a nós, às vezes. Tudo seria muito fácil se não tivessemos que encontrar nossos pares, ávidos por ouvir nossas histórias e nossas conquistas. Ávidos por saber o quanto somos iguais a todos e o quanto desejamos conquistar as mesmas coisas que todos. Precisamos nos relacionar com o mundo e aí então como é que fica? Temos que falar sobre as coisas interessantes que fizemos e mostrar o quanto somos belos, intensos e sagazes. Às vezes, só às vezes fica parecendo que chegamos ao ponto. O que vai nos fazer estar adequados no dia seguinte. A rima do poema.O silêncio honesto e Clarice Lispector.
Não é incrível que a parte escandalosamente mais interessante de nós não interesse ? Isto é só uma impressão, um resquício de compreensão de um dia qualquer...
Eu tenho um gosto imenso por estar comigo mesma. Gosto de fotos, imagens congeladas. Gosto de pensar que elas estão lá prisioneiras e que posso olhá-las o quanto deseje e sempre que queira fazê-lo e elas não podem fazer nada. Ficam lá estáticas, apenas a me mover por dentro.
Livros também, muitas vezes nos explicam, nos explicitam melhor do que nós mesmos. Alguns deles é como folhear um velho caderno de anotações. São intimamente nossos.
Alguns domingos abrem as comportas e nos fluem. Vertem-nos como um aroma de café fresco. Sem explicação.
Hoje, poderia ser qualquer dia desses com sabor de intimidade comigo. Uma pergunta que não precisa de resposta ou uma atitude que não requer motivo ou sentido.
beijo
da melodramática
Linda melhor parte O'mahley